Entrevista a Luísa Agante, Especialista em "marketing" infantil do Instituto Português de Administração de Marketing.
O excesso de publicidade dirigida às crianças está a tomar proporções graves a nível de influência?
É grave se não for intermediada. Uma criança, ao assistir a publicidade desprotegida, actua como uma esponja. Os pais e os educadores nas escolas têm de ser intermediários e explicar às crianças como funciona a publicidade.
Como devem actuar os pais e educadores?
Proibir não funciona. É impossível a criança fugir à publicidade. Os pais não querem que as crianças sejam influenciadas pela publicidade, mas esquecem-se de que também o são. O que tem de se fazer é conversar. A partir dos seis/sete anos, as crianças começam a perceber a diferença. Ou seja, explicando, a criança entende que a publicidade tem o intuito de vender.
E o que deve fazer-se com crianças com menos de seis anos?
No que diz respeito a publicidade de produtos alimentares, os principais anunciantes concordaram em não direccionar as campanhas directamente para essas crianças. Neste aspecto, o controlo da publicidade evoluiu muito mais do que noutros casos. No que diz respeito a brinquedos, por exemplo, isso já não acontece e terão de ser os pais a actuar como intermediários. Mas, atenção: não há estudos que comprovem o nexo de causalidade da influência deste tipo de publicidade nas crianças. Elas podem pedir tudo o que vêem, mas os pais têm a liberdade de dizer que não.
As regras são cumpridas?
São. Há vários exemplos. Um dos casos é, se a publicidade for sobre uma personagem de um programa, o anúncio não pode passar no intervalo dele. A nível de tempo também existe regulamento. Se não for cumprido, as pessoas devem lembrar-se de que podem fazer queixa ao ICAP.
E com a Internet, há algum regulamento?
A Internet é muito complicada. Não há regulamentação. Mesmo que exista algo a nível nacional, as crianças acedem a sites de todo o mundo. A haver legislação terá de ser a nível mundial. A União Europeia aconselha a uma auto-regulação dos comerciantes. Porém, por vezes pedem dados às crianças. Dizem que têm de ter mais de 13 anos. Mas a criança pode mentir. Mais uma vez, são os pais que têm de actuar e explicar os perigos na Internet.
Como pode ser feita esta explicação nas escolas?
Existe um programa, o Media Smart, e 30% das escolas em Portugal já aderiram. É dirigido às crianças entre os sete e os 11 anos e explica a publicidade de forma participativa. É feita em três módulos: introdução à publicidade, publicidade dirigida às crianças e publicidade não comercial.
Fonte: DN Portugal
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